Como é a vida em um dos bairros mais valorizados da grande São Paulo? Qual o custo médio de moradia em Higienópolis? Qual o IPTU da região? Como vender uma casa herdada quando o outro herdeiro não concorda com a venda? Porque a casa abandonada não é mais tão bem avaliada? O que acontece se você for uma criminosa foragida que sonega os impostos de um imóvel histórico adquirido por herança durante mais de dez anos? A Kzas Krédito veio desmistificar tudo isso e um pouco mais sobre um imóvel que, dentre tantos outros, chamou a atenção de olhos observadores, virou tema de Podcast e ajudou a buscar justiça por um crime.

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Casa Abandonada

Higienópolis: um pedaço de Suécia transplantado para o centro de São Paulo. Quarteirões tingidos de verde por árvores que são exceção numa cidade cinza, transmitindo segurança, aconchego. É um dos poucos bairros em que, se ocorre um assalto, logo vira notícia.

É assim que o jornalista, sociólogo e escritor Chico Felitti se refere ao bairro de Higienópolis, eleito o bairro com maior índice de valorização imobiliária em um intervalo de 6 meses (foi 28,7% ainda mais valorizado entre o final de 2021 e o início de 2022, segundo o censo QuintoAndar de moradia), durante o primeiro episódio do novo Podcast investigativo da Folha de S. Paulo, o “A Mulher da Casa Abandonada”.

Lançado no dia 03 de junho de 2022, a produção instigou a curiosidade e o senso de justiça nos milhares de brasileiros interessados em ouvir sobre o macabro imóvel que destoa da aura pacífica do bairro de Higienópolis, e sobre sua dona criminosa que nunca pagou pelas maldades que fez.

Casa abandonada de Margarida e Renê Bonetti se tornou foco do podcast feito pelo jornalista Chico Felitti - Simon Plestenjak/UOL

Fonte: economia.uol – Simon Plestenjak/UOL

Em pouco mais de um mês de estreia , cada um dos sete episódios principais já haviam recebido uma nota máxima de 5 estrelas e, juntos, somavam mais de 6 milhões de downloads no Spotify. Pela primeira vez em muito tempo, um imóvel ficou entre os assuntos mais comentados nas redes sociais do país, e um arquivo de áudio online brasileiro liderou o ranking dos podcasts mais ouvidos no mundo.

Agora, porém, você deve estar se perguntando: porque a Kzas Krédito, sua assessoria de crédito imobiliário com processos 100% digitais, Inteligência Artificial própria, melhores taxas do mercado de financiamento e atendimento especializado está falando sobre um programa investigativo?

A resposta é simples. As casas abandonadas presentes nos costumeiros filmes de terror remetem à arrepios, curiosidades, histórias de família traumáticas e alguns nós jurídico-imobiliários que levaram o imóvel à chegar em tal estado deplorável — e, o local que protagoniza este Podcast não é diferente.

O pontapé inicial que trouxe um crime hediondo à tona e relembrou a população das brechas presentes nos direitos humanos universais foi um imóvel que, entre tantos outros, chamou a atenção de olhos observadores.

Assim, sem anular a carga triste e criminal que retrata de forma crua o mundo que nos cerca, estamos aqui para desmistificar os entraves imobiliários que os ouvintes testemunharam no decorrer dos episódios. Passando por imóveis de famílias tradicionais, milhões de reais em bens, custo de vida nos espaços retratados, demandas de uma casa adquirida como herança e o que acontece com imóveis quando famílias brigam, que tal sabermos mais sobre os dados técnicos da casa abandonada?

Um bairro nunca esteve tão popular — conheça Higienópolis

Vizinho por alguns minutos de carro dos dois bairros com o metro quadrado mais caro de São Paulo (Vila Nova Conceição, com R$ 16.197 por m², e Jardim Europa, com R$ 15.909 o m²), Higienópolis é e sempre foi conhecido como um refúgio verde urbano para moradores de alto-padrão.

Seu surgimento se deu em 1895 com o propósito de ser, justamente, uma concentração despojada, natural e refinada de famílias nobres — ideal que carrega até os dias atuais — com praças, palacetes e casarões pertencentes a pessoas famosas ou de linhagens tradicionais.

O espaço, que antes era um grande loteamento pertencente aos empresários alemães Martinho Bouchard e Victor Nothmann, recebeu o nome de “Higienópolis” por um motivo bem claro, porém pouco conhecido: foi o primeiro bairro da cidade de São Paulo a adotar saneamento básico e higiene doméstica.

No início de 1900, não era comum ou simples que as casas, bairros e até cidades inteiras tivessem sistemas de saneamento e saúde básica — a importância disso sequer era discutida.

Entretanto, os imensos lotes em Higienópolis contavam com infraestruturas primárias de água, esgoto, iluminação e higiene, além de todo o bairro ser interligado por linhas de bondes. Tudo pronto para abrigar as elites do Café.

De volta ao século XXI, o Higienópolis que desde a década de 60 é tomado por arquiteturas modernistas continua esbanjando muito concreto, vidro e valorização de espaços naturais.

Em maio de 2022, o censo Lopes Avalia declarou Higienópolis como o bairro com o 7° maior valor de condomínio em toda São Paulo, com aproximadamente R$ 11,68 cobrados por m² do condomínio.

Como mencionamos no início do artigo, Higienópolis também foi eleito o bairro com maior índice de valorização imobiliária, sendo 28,7% ainda mais valorizado em um intervalo de 6 meses.

Para alugar, o preço na região varia entre R$ 1.060,00 e R$ 15.000 mensais, enquanto comprar um imóvel próprio em Higienópolis sai por uma média de R$ 2 milhões, podendo encontrar oportunidades por R$ 280.000 e outras por R$ 12.720.000, a depender do tipo de empreendimento — claro, as possibilidades se ampliam quando partimos para métodos de obtenção de crédito para compra de imóvel, como o financiamento imobiliário.

De modo geral, os moradores do bairro o consideram como uma redoma funcional, segura e quase que autossustentável.

“Um bairro excelente para morar, com escolas, farmácias, supermercados, hospital, shopping e, além disso, com fácil acesso para outros bairros”, declarou um morador de Higienópolis em um site imobiliário; e outro incrementa: “o bairro de Higienópolis é completo! Tem excelentes e renomados restaurantes; shopping delicioso para passear, está próximo a praça Buenos Aires, que tem espaço ao ar livre, parquinho para crianças, animais e espaço para se exercitar; o mesmo da praça Villaboim; existem muitas faculdades ao redor e tem fácil acesso a qualquer outro bairro da cidade. Tudo aqui é muito seguro e confortável”.

A casa abandonada em termos de imóvel

A casa abandonada que protagoniza o Podcast pode até ser apenas mais um dos diversos imóveis de uma tradicional família da elite paulistana, mas não deixa de carregar histórias e detalhes próprios quase invisíveis a olho nu.

Mansão do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada' ganha versão no The Sims - Casa e Jardim | Curiosidades

Fonte: revistacasaejardim.globo.com

Datado de 1930, o Casarão Geraldo Vicente de Azevedo leva o nome do pai de sua — até então — moradora, o filho do Barão de Bocaina, poderoso senhor de Engenho que recebeu o título de Barão por decreto do Imperador D. Pedro II (e que, inclusive, é constantemente ligado a muitos imóveis clássicos encontrados pela grande São Paulo).

Mesmo que a época de sua construção marque um período de arquitetura modernista, o estilo do Casarão se equipara a algo entre o neoclássico, com sua racionalidade de formas, pilares e frontões retangulares; e o barroco, pelo teto elevado e leves ornamentos mirabolantes, ondulados, com estruturas simbólicas de gesso próximas às janelas e portas, quase que românticas.

Aliás, as 24 janelas espalhadas pelo imóvel também remetem às construções poderosas do estilo Barroco — ou, ao menos, já remeteram, quando as estruturas compridas carregavam vitrais clássicos que esbanjavam cenários náuticos.

A casa centenária, no geral, conta com 3 andares, mais de 20 cômodos, estrutura que atravessa o quarteirão e um quintal do tamanho de um campo de futebol. Estima-se que todo este espaço tenha, em média, 500m², com possíveis 10 metros de largura e 50 metros de comprimento.

Sim, é um local gigante para abrigar apenas um imóvel. E, caso o espaço estivesse habitável, toda esta amplitude seria avaliada em cerca de 10 milhões de reais. Pode sequer imaginar o valor de IPTU deste espaço? Nós podemos, mas vamos falar sobre isso logo, logo.

Como você deve ter notado, usamos diversos “caso” e “se” enquanto falamos a respeito da utilização da Casa Abandonada como imóvel habitacional. Isso, pois especialistas já concluíram que o local é completamente insalubre, podendo apenas ser habitado após diversas reformas monitoradas e vistoria completa.

Até mesmo empreendimentos de construção precisariam de um olhar aguçado sob o terreno caso queiram que uma nova obra naquele local não tenha problemas em receber o Habite-se, pois o mesmo já recebeu denúncias de foco de dengue e falta de sanidade básica por esgoto a céu aberto — ou seja, recomendamos que as construtoras que comprarem um espaço como o da casa Abandonada cheque muito bem o solo.

Quer entender maus sobre Auto de Conclusão de Construção, também conhecido como Habite-se? Leia e instrua seu cliente: Antes de morar, Habite-se! Entenda o que é este documento essencial

Justamente pela decadência e questão de insalubridade do imóvel, a Casa Abandonada e imóveis semelhantes acabam não valendo mais todos aqueles milhões de reais em que são originalmente avaliados.

Mesmo que espaços assim ainda chamem a atenção para negócios — a própria casa abandonada de Higienópolis, por exemplo, está no topo da lista de diversos arquitetos, que desejam tombá-la e restaurá-la como patrimônio, e de construtoras, que não desistem do sonho de erguer mais um prédio de alto-padrão no terreno de mais de 500m² — a maioria das propostas acaba não indo para frente devido a tamanhos problemas sanitários no lote e a trâmites imobiliários insolucionáveis.

Em 2021, a congregação judaica Monte Sinai fez uma proposta oficial para adquirir o Casarão Geraldo Vicente de Azevedo e seu terreno por meros R$ 6 milhões em pagamento à vista, objetivando erguer no local uma sinagoga nas mesmas dimensões da mansão. De acordo com uma apuração feita pelo veículo Uol, a proposta chegou a ser registrada junto à 6ª Vara da Família e das Sucessões do Foro Central da Capital em 25 de outubro do último ano. Ainda, em março deste ano, a congregação voltou para enfatizar a proposta, mas declaram que sequer chegaram a obter negociação.

Pouco antes, em 2019, uma construtora divulgou interesse no terreno para construir um imóvel de alto-padrão com nove pavimentos. Desta vez, o impedimento veio direto dos moradores de Higienópolis, que movimentaram um abaixo-assinado contra o negócio alegando que a Casa Abandonada é inclusa no tombamento por patrimônio histórico do Edifício Louveira, imediatamente ao seu lado, e da Praça Vilaboim, logo a frente.

No mesmo ano, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo divulgou um parecer que revogava as limitações construtivas na região, dando a entender que novos empreendimentos poderiam surgir, porém, o tal abaixo-assinado foi levado a justiça e, ao que tudo indica, venceu, fazendo com que negócios no terreno continuassem sendo dificultados.

Apesar de todos estes esforços, o real motivo para o terreno e o Casarão continuarem intactos são os diversos nós jurídicos-imobiliários da família Azevedo, e algo só seria feito sob martelo de juízes — mas, também abordaremos sobre isso em breve.

Valores, contas e custos da casa abandonada

De maneira ou outra, os momentos de queda e ascensão do imóvel não impediram que o seu entorno crescesse, passando pelos processos de especulação e valorização imobiliária.

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Fonte: Alamy stock photo

Focando na valorização, ela ocorre quando determinada região passa constantes reformas para melhorar, simplificar e modernizar a qualidade de vida do morador, investindo em questões de saúde, segurança, moradia, educação e transporte dentro de um só bairro. Com tudo isso, consequentemente, o custo de vida da região também sobe.

Então, para se ter uma ideia do novo custo de vida, toma-se como base aqueles inúmeros fatores determinantes para a valorização de um bairro em detrimento a outro que mencionamos ali em cima, somados a detalhes importantes como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Na prática, quanto maior esse índice, mais elevado será o preço por metro quadrado naquela região.

O grande centro de residências de alto-padrão (imóveis avaliados em valores acima da média popular, geralmente contando com a assinatura de um arquiteto ou incorporadora com experiência em obras de qualidade superior) de Higienópolis oferece apartamentos de 2 quartos por aproximadamente R$ 2 milhões, com o metro quadrado chegando facilmente entre R$ 14mil e R$ 19 mil.

A região, também, possui o 6° valor de condomínio e IPTU mais caros de São Paulo. De acordo com uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2022 pelo censo QuintoAndar de moradia, se somados os gastos que um morador locatário tem com condomínio e IPTU em Higienópolis, o valor equivale a 46% do aluguel mensal pago pelo imóvel.

Em vista disso, se levarmos em conta que o aluguel médio do bairro se encontra na faixa dos R$ 5 mil, podemos considerar pelo menos R$2.700,00 a mais destinados a custos de condomínio + IPTU — que, em Higienópolis, estão, respectivamente, perto dos R$ 2.000 e entre R$ 500 e R$ 900.

Agora, a pergunta que não quer calar: mansões como aquela, mesmo que em condição de abandonada, pagam Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)?

Sim, pagam. No Brasil, todos os anos, os proprietários de residências, prédios comerciais e industriais localizados nas cidades precisam pagar, imprescindivelmente, o IPTU.

A isenção apenas é uma possibilidade para aposentados e pensionistas, entidades culturais, agremiações desportivas e outros casos, porém, desde que cumpram os requisitos determinados em lei.

No que diz respeito à casa abandonada habitada por Margarida Bonetti, sabe-se que a relação dela com as contas do terreno que pode chegar a 650m² (contando com imóvel de mais de 500 m², garagem, jardim e edícula), não é das melhores.

No processo de inventário da casa, em 2019, havia uma dívida de mais de 10 anos sem pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano. Dados coletados pela Kzas Krédito indicam que os herdeiros da Casa Abandonada acumularam mais de R$37 mil em dívidas com o IPTU.

Segundo a Procuradoria-Geral do Município, atualmente, o imóvel não tem dívida ativa. Também, mapeamos que aproximadamente R$ 22 mil em parcelas de Imposto já foram quitados.

“Mas, Kzas Krédito, com todos estes valores em movimentação, a Mulher da Casa Abandonada não é elegível para declarar Imposto de renda?”

De modo geral, sim. Devem declarar Imposto de Renda aqueles que:

– receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 no ano anterior, incluindo o auxílio emergencial;

– receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributado exclusivamente na fonte num valor acima de R$ 40 mil;

– obtiveram ganho de capital através de venda de bens ou direitos sujeitos a pagamento do IR;

– realizaram operações na bolsa de valores em 2021;

– possuem bens ou direitos que valem acima de R$ 300 mil até dezembro do ano anterior;

– tem receita de atividade rural acima de R$ 142.798,50.

Ao que tudo indica, a dona da mansão abandonada que abordamos se encaixa em pelo menos dois destes requisitos. Entretanto, os sinais também apontam que ela simplesmente não vem arcando com esta responsabilidade.

Contudo, ao menos uma destas tributações podem ser tiradas das costas dos donos de casarões muito antigos: imóveis no qual a aquisição data de 1969 ou antes são isentos de pagar Lucro Imobiliário ao Imposto de Renda quando forem vendidos!

Casas antigas localizadas em regiões nobres, como Higienópolis, possivelmente valorizaram desde a época em que a família original morava ali.

Assim, quando estas forem vendidas, existem grandes chances de o dono obter ganhos extras sobre o valor do imóvel, algo que é conhecido como Lucro Imobiliário — tem este nome pois é cobrado quando a diferença entre o valor da compra original e o valor da venda atual de um imóvel é positiva, ou seja, houve um lucro.

Agora, dado o valor desse lucro, existe uma alíquota que define o percentual a ser pago sobre esta diferença positiva, que é de, no mínimo, 15%. Qualquer dono de imóvel um tanto mais recente teria de declarar este ganho no IR e pagar à receita uma alíquota sobre o lucro.

Acontece que, por lei, imóveis comprados entre 1969 e 1988 possuem um desconto dado no valor final a ser pago pelo Lucro Imobiliário. Basicamente, há uma redução de 5% no percentual cobrado sobre o lucro de residências adquiridas antes de 1988, e é aplicado mais 5% de desconto a cada ano anterior (1988 tem uma redução de 5%, 1987 tem de 10%, 1986 de 15% e por aí vai).

Isso, até 1969, quando o desconto é de 100% sobre o lucro com a venda. Assim, imóveis adquiridos antes do ano em questão podem ser vendidos sem maiores dores de cabeça, pois nada será cobrado em Imposto.

Entenda mais sobre Lucro Imobiliário e conheça os casos em que seu cliente não precisa pagar IR na venda de um imóvel: confira a matéria na integra!

Então, em casos como o do nosso querido Podcast, em que o imóvel data de 1930, vender seria, sim, uma vantagem. Todo o lucro viria para a dona (um lucro alto devido a valorização do entorno, diga-se de passagem), nenhum custo extra voltaria para assombrar e, ainda, poderia utilizar o valor para comprar um bom lugar para morar, com melhores condições e acessibilidades.

Mas, tratando especificamente do caso do Podcast e das decisões de sua dona, ela sequer considera seguir este caminho. E, para explicar o porque, temos que entrar em outra questão jurídica-imobiliária.

Imóveis Adquiridos por causa Mortis – O Local é herdado!

Como vimos, A Cada Abandonada foi um dos mais de 10 imóveis deixados pelos pais de Margaria (Geraldo Vicente de Azevedo, falecido em 1998, e Maria de Lourdes Danso Aicente de azevedo, Falecida em 2011).

Quase que automaticamente, os bens são passados para os membros mencionados em testamento ou familiares diretos, que assumem o imóvel após concluírem diverso trâmites e arcarem com alguns tributos de sucessão em causa mortis (principalmente o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos — ITCMD — calculado com base no Valor Venal estipulado pelo Município).

Mas, este é apenas um detalhe. Entre aqueles diversos trâmites que ocorrem com bens sucedidos por herança, escolher pela venda de um imóvel herdado é um dos mais burocráticos, principalmente quando se tem irmãos.

De acordo com o que é mencionado no podcast, a mulher da casa abandonada, Margaria tem duas irmãs, de nomes não expostos. Para que este imóvel em específico, que atualmente pertence às três irmãs, fosse vendido, existem duas principais ações que podem ser feitas:

1° – Antes de qualquer coisa, o inventário precisa ser feito. Este nada mais é do que um documento que formaliza a transferência da herança de uma pessoa, incentivando que os familiares prestem contas ao poder público de quais são os bens de quem faleceu e de como eles serão divididos. No processo, é calculado o saldo entre todo o patrimônio que alguém reuniu em vida, menos as dívidas ativas que estejam em seu nome. A herança deve ser repartida entre os herdeiros e o Estado estabelece as regras de como fazer isso.

É um processo caro — não que isso fosse um problema para a família da senhora meliante — mas importante para que as devidas posses e propriedades possam ser atestadas e movimentadas legalmente.

Dado início no processo de inventário, no decorrer da ação, pode ser solicitado ao juiz uma autorização para a venda do imóvel. Depende das particularidades do caso e demais análises da justiça, o imóvel poderá, sim, ser posto à venda, porém, a autorização judicial só é dada perante a concordância de todos os herdeiros envolvidos.

Todos os irmãos, filhos ou cônjuges concordando, o local é anunciado para venda.

2° – Caso todos os irmãos não estejam dispostos à se envolver em processos de venda e não tenham interesse em fazer parte da divisória dos lucros resultantes desta, é possível que seja assinado um Contrato de Cessão de Direitos Hereditários.

Com tal atestado, um herdeiro cede — gratuitamente ou mediante a negociação — a outro herdeiro (ou a um terceiro) os seus direitos de participar da herança. Para essa cessão, deve haver a concordância de todos os demais herdeiros e o contrato deve ser feito por meio de escritura pública em Cartório de Notas.

Assim, o irmão que cedeu sua parte se retira do processo de venda e, caso os irmãos restantes concordem com a ação, ela poderá ser feita sem maiores problemas. Outro ato possível é que todos os herdeiros assinem um Contrato de Cessão de Direitos e cedam os bens (no caso, um imóvel) para um único herdeiro, que pode optar por morar legalmente na residência ou efetuar a venda, agora, também legalmente.

Consegue adivinhar qual dos métodos foi adotado pelas Azevedo-Bonetti? Exatamente: nenhum.

Acontece que, no caso da mulher da Casa Abandonada e suas irmãs, um acordo nunca foi feito.

Residência de Geraldo Vicente de Azevedo » São Paulo Antiga

Fonte: saopauloantiga.com.br

Na verdade, de acordo com uma apuração feita pelos colunistas da Uol Splash, que se dedicaram a ler as 2139 páginas e 219 folhas de anexos a respeito do processo público que envolve todas as turbulências de herança entre Margarida Bonetti e as outras Azevedo, uma das irmãs chegou abrir mão da herança e declarar o Contrato de Cessão de Direitos na época do falecimento de seu pai, Geraldo Vicente de Azevedo, quando as três haviam combinado de ceder todos os bens hereditários para sua mãe. Entretanto, Margarida não o fez, e a outra irmã também voltou atrás.

Mesmo assim, as três nunca entraram em qualquer consenso sobre qualquer um dos diversos bens (desde imóveis residenciais e comerciais, patrimônios e títulos até valores em dinheiro), mesmo quando a justiça convocou, em 2009, uma curadora dativa — encargo público no qual um curador assume a obrigação de cuidar e zelar pelos interesses de alguém considerado incapaz de solver empasses judiciais, tratando todas as relações contratuais junto a terceiros, inclusive seus advogados.

Sim, nem isso resolveu algo entre as três.

Com brigas e mais brigas, a atitude que coube às três foi simplesmente passar décadas sem resolver qualquer questão sobre a herança e sem pagar nenhuma das contas adjuntas ao processo de herdar, como condomínio, reformas e impostos.

Em vista disso, todos aqueles milhões em bens ficaram parados, abandonados, até que a justiça autorizou a venda de todas as posses da família em leilão judicial — como mencionado no próprio Podcast.

Uma curiosidade rápida sobre imóveis adquiridos em leilão: além de levar o imóvel, aquele que der o lance mais alto também será responsável por arcar com as dívidas do imóvel a ser arrematado (como hipoteca, condomínio e IPTU), dívidas dos devedores (pensão alimentícia e dívidas trabalhistas), possíveis irregularidades na certidão imobiliária do imóvel e demais nulidades do processo que levou a residência até o leilão. Ou seja — todas as pendências que a mulher da casa abandonada e o próprio imóvel tem de sobra.

Entretanto, acreditamos que levar de brinde algumas dívidas não seja um problema tão grande diante de tamanho interesse comercial e midiático ao redor da casa abandonada, até porque — atenção: alerta de Spoiler — antes mesmo dos meses de pesquisa e investigação para o Podcast de sucesso serem iniciados, o imóvel recebeu seu primeiro lance de interesse.

Como mencionado no Podcast, logo no início de 2022 uma Associação Cultural ofereceu mais de R$ 10 milhões pela casa e seu terreno, proposta que foi aceita por todos: as irmãs de margarida, membros da família envolvidos no processo de herança, a curadora dativa e advogados. Todos, menos a Margarida.

Ademais, é mencionado no programa que a juíza planeja autorizar a venda oficial da casa abandonada “com ou sem a concordância da mulher da casa abandonada”. Isso é possível?

Bom, para todos os efeitos, sim.

Nessa situação, em que os bens da família já estão sob supervisão da justiça, considera-se que os herdeiros vivem em um condomínio ( um só espaço com mais de um dono) de um bem indivisível (o imóvel já está lá, e não pode ser reconstruído ou retalhado para cada parente).

Assim, se surgir uma proposta plausível e um dos herdeiros optar pela venda, o consentimento do herdeiro que negar a venda será suprido pelo do (a) juiz (a), inclusive expedindo escritura pública de compra e venda sem a necessidade de assinatura do herdeiro contrário.

Autorizada a venda, ocorre uma próxima tentativa de consenso entre os herdeiros para que seja decidida a forma como o imóvel deve ser vendido — negociações por conta própria, colocar em sites de vendas, entregar para corretores autônomos, imobiliárias ou incorporadoras e outros métodos.

Mais uma vez, se não houver acordo sobre a forma de venda do bem, será feito o leilão judicial, assim como houve no caso da casa abandonada.

Por fim, como vimos no decorrer do texto e nas demais notícias, o lance mais alto já foi dado, a juíza já autorizou a venda sem o consentimento de Margarida Bonetti, a casa já foi comprada e o imóvel já foi desabitado.

Em um cenário no qual o Podcast de Chico Felicci nunca tivesse sido produzido, seria possível que a compra de uma casa velha, abandonada e decadente passasse batida pela consciência pública. Logo, o imóvel poderia ser demolido ou reformado, seria reabitado, re-ambientado e passaria a combinar um pouco mais com a aura segura e padronizada do bairro de Higienópolis.

Porém, nesta realidade, não será fácil de simplesmente encontrarmos novas famílias residindo com satisfação e costumes rotineiros no casarão Geraldo Vicente de Azevedo.

Casarão, este, que se tornou um farol de lembrete para os crimes hediondos esquecidos pela justiça e para diversas camadas de empasses imobiliários que muitos sequer conheciam.

E, considerando que foi relatada a aquisição por um Centro Cultural, pode-se esperar certo futuro de interação com o público para A Casa abandonada — talvez torne-se um museu, um imóvel reformado como patrimônio público, um escritório de negócios culturais e até algum memorial.

Nada mais se sabe. Agora, porém, o leitor da Kzas Krédito sabe sobre todos os detalhes e trâmites por trás da venda de um casarão tradicional datado de 1930, localizado em um dos bairros mais valorizados de toda a grande São Paulo e que passou décadas assombrado por pilhas de dívidas, pendências de impostos e empasses de herança.

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