Ao completar três meses de quarentena decretada para conter o novo coronavírus, São Paulo vive mais uma movimentação na questão do morar. Se antes as pessoas priorizavam a localização na hora de alugar ou comprar um imóvel, o que mais importa agora é espaço.
A venda de casas representou um aumento de 25% nos negócios para a plataforma digital Kzas. A procura por imóveis com mais de 90 metros quadrados dobrou de fevereiro para março, voltou a crescer em abril e está fazendo de junho o melhor mês do ano para a empresa, com duas vezes mais vendas do que em maio. No caso de imóveis com mais de 120 metros quadrados, a procura saltou de 15% em março para 30% agora.
Apesar de as casas terem virado objeto de desejo na quarentena, apartamentos espaçosos em condomínios com boa infraestrutura de lazer também entraram na mira do público. Segundo Alex Frachetta, CEO do Apto, o terraço gourmet está em 25% das buscas e a procura por área de lazer ampla aumentou 5% nos últimos dois meses. O perfil de público permanece o mesmo, com uma maioria de recém-casados que pensam em ter filhos ou famílias com crianças.
“Talvez o que mudou foi a necessidade”, explica Frachetta. “Essas famílias querem ter mais distração sem sair do prédio.” Ele acredita que a demanda se torne uma tendência também no pós-pandemia, movimentando inclusive o mercado imobiliário do interior.
Roberto Nascimento, CEO da Kzas, concorda. “Há um novo comportamento do consumidor em não ter mais como prioridade ficar próximo do trabalho e dos estudos”, declara. Para ele, isso significa buscar por bairros não tão centrais, ainda que próximos de vias com bom acesso a transportes públicos, ou moradias no interior, “longe dos engarrafamentos, da poluição e das grandes aglomerações de pessoas”.
Por Bianca Zanatta. Publicado originalmente no Estadão, em 28/6/20.
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